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sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

A cultura do milho


O milho (Zea mays L.) pertencente à familia Poaceae, é uma espécie nativa do continente americano, atualmente, é o terceiro cereal mais cultivado no mundo.  Esta espécie não é nativa do Brasil, sendo considerado seu centro de origem a região sul do México, no Vale das Balsas. Pesquisas demonstram que o milho descende de uma gramínea chamada de teosinte ou teosinto, embora existam outras hipóteses para explicar sua origem.
Por meio da seleção visual no campo, a partir da seleção de características agronômicas importantes, como tamanho da espiga, altura da planta, produtividade, mesmo que inconsciente, o homem promoveu a domesticação do milho, originando as variedades hoje existentes. Após essa domesticação, o milho tornou-se dependente do homem para continuar a existir, pois algumas características, como as sementes (grãos) envoltas por palhas, impede sua dispersão e regeneração natural da espécie.
O Brasil é o terceiro país com maior área colhida nos últimos anos.  A cultura é um dos principais constituinte na alimentação animal, principalmente aves, suínos e bovinos, além de ser utilizada no plantio direto, em rotação de culturas, em plantios de soja e algodão. O grão do milho possui fibras, carboidratos, proteínas, óleos e açúcares, podendo suprir grande parte das necessidades nutricionais da população, sendo consumido na forma de bolos, cuscuz, canjica e pamonhas. Assim, é considerado uma alternativa alimentar principalmente para a região Nordeste do Brasil, onde ainda hoje, milhares de pessoas passam fome.
Na Região Nordeste do Brasil a cultura do milho é explorada tanto em sistemas tradicionais, caracterizados pela agricultura de subsistência e utilização de variedade locais de milho, quanto os plantios mais modernos, que utilizam novas tecnologias de produção. A produção nordestina de milho é considerada ainda baixa, o que pode ser explicado pelos meios de produção utilizados, que em sua maioria possui pouca tecnologia, também pelas irregularidades do clima, em muitos casos ocorrendo perda total da safra em muitos municípios, e devido a utilização de variedades pouco produtivas.
O aumento da produtividade do milho desde o início do último século é explicado em virtude do desenvolvimento das linhas puras, pelo processo de autofecundação de plantas de milho, e do vigor hibrido, que foram os responsáveis pelo impulso do melhoramento genético convencional a partir da década de 1920. Isso permitiu que os programas de melhoramento conseguissem introduzir novas características ao milho e que se adaptasse a diferentes regiões e condições de clima e solo.
O melhoramento genético do milho e de qualquer espécie vegetal busca obter uma população com características de interesse melhoradas ou obter uma geração com vigor híbrido. O futuro do melhoramento do milho, em geral, busca o desenvolvimento e utilização de germoplasma tolerantes a vários tipos de estresse, como a tolerância à seca, solo ácidos ou alta salinidade, resistência a insetos, altura da planta e qualidade nutricional.
A introdução do milho híbrido na década de 1920 proporcionou ganho de produtividade para a cultura. A obtenção do milho híbrido possui algumas vantagens, como associar em um indíviduo características antes separadas em progenitores distintos, obtenção de uniformidade e sobretudo a obtenção de genótipos superiores. Basicamente há três tipos de híbridos, a saber: híbrido simples, híbrido triplo e híbrido duplo. O híbrido simples consiste no cruzamento de duas linhagens, sendo o tipo de híbrido mais aceito atualmente no mercado, em virtude de sua maior produtividade, consequentemente é o mais caro. Já um híbrido triplo é originado do cruzamento de um híbrido simples com uma linhagem, este tipo de híbrido é intermediário aos outros dois. Um híbrido duplo é obtido do cruzamento de dois híbrido simples, sendo o tipo de híbrido mais utilizado.
Após a descorberta da estrutura do DNA e do código genético, os pesquisadores viram a possibilidade e começaram a manipular características específicas e transferir genes de uma espécie para outra, desenvolvendo assim a transgenia. A biotecnologia empregada na agricultura e no melhoramento de milho, vem apresentando resultados significativos, como a tolerância à herbicidas e resistência à pragas.  Contribuiu com benefícios tanto para o consumidor como para a competitividade no agronegócio, assim, despertando o interesse de empresas privadas, centros de pesquisas e universidades.


domingo, 20 de janeiro de 2013

Breve história da agricultura e importância


Alguns dicionários trazem o significado de agricultura, palavra de origem latina, como sendo a arte de cultivar os campos. Essa arte, a atividade agrícola, parece ter surgido há aproximadamente 10 mil anos, na Europa, e se difundiu pelos outros continentes nos milênios seguintes. Nesse sentido, “a atividade agrícola forneceu aos indivíduos uma fonte estável de alimento, contribuindo para que eles se fixassem nas áreas mais férteis” MOTA (2005, p. 29). Iniciando assim, a domesticação de animais, o pastoreio, e, sobretudo a formação de grandes civilizações, como o império egípcio e a mesopotâmia.
As transformações no setor agrícola que começaram no Crescente Fértil, região que vai desde o Vale do Rio Nilo à Mesopotâmia, compreendeu a chamada Revolução Agrícola. Segundo MAZOYER et al (2010, p. 52) “desde então a agricultura humana conquistou o mundo; tornou-se o principal fator de transformação da ecosfera, e seus ganhos de produção e de produtividade, respectivamente, condicionaram o aumento do número de homens e o desenvolvimento de categorias sociais que não produziam elas próprias sua alimentação.”  O que levanta uma questão bem atual, a produção de alimento para uma população mundial superior aos 7 bilhões de habitantes, o que entraria em colapso caso acontecesse uma crise no setor agrícola.
A região da Mesopotâmia, correspondente aos territórios atuais do Iraque e da Síria, possui um problema para a agricultura, que é a irregularidade das chuvas. Daí, os mesopotâmicos visando superar esse problema e aproveitar melhor as terras férteis, idealizaram métodos de irrigar os campos, isso graças aos dois rios que cortam a região: o Tigre e o Eufrates, o que possibilitou aumentar a área e a produtividade de seus campos. O que hoje também é utilizado em grande escala, a irrigação artificial possibilita, por exemplo, o cultivo de uvas no Vale do Rio São Francisco, em pleno semiárido baiano e até a produção de maçãs, nas proximidades da Serra do Sincorá, na Chapada Diamantina. Mas vale salientar que alguns métodos de irrigação não são ecologicamente eficientes, pois facultam um alto desperdício de água, sendo o por gotejamento, um dos mais eficazes.
Um fator que possibilitou a expansão das técnicas vinculadas à agricultura, como a difusão de espécies de plantas já nos últimos séculos, de acordo com TANDJIAN (2005, p. 356) “os deslocamentos populacionais e a inter-relação entre os agrupamentos humanos, por sua vez, explicam por que um pequeno número de plantas espalhou-se pelo restante do planeta. Algumas dessas plantas passaram a desempenhar importante papel na própria cultura de algumas civilizações.” É o caso da cana-de-açúcar, originária da Ásia e que após as grandes navegações, no século XVI, se difundiu para o resto do mundo. Esse produto, em especial no Brasil, desde a época colonial, desempenha expressividade no setor agrícola, seja para a produção de açúcar à produção de biodiesel.
Hoje, a agricultura influencia diretamente no desenvolvimento de muitos países e possui grande importância para a economia mundial. Entretanto, para atingir essa característica, a natureza foi severamente degradada, rios foram assoreados, florestas foram devastadas, pelo machado ou fogo, tendo sua vegetação nativa destruída para implantar monoculturas, e posteriormente o uso de pesticidas e insumos químicos, contaminando o solo, a água e a flora da região. Daí é necessário rever esses métodos de produção para a agricultura, buscando não comprometer os recursos naturais.


LITERATURA CITADA:

MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence. História das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea. NEAD, Brasília, 2010.

MOTA, Myriam Becho. História: das cavernas ao terceiro milênio. Editora Moderna, São Paulo, 2005.

TAMSJIAN, James Onnig. Geografia Geral e do Brasil: estudo para compreensão do espaço. FTD, São Paulo, 2005.


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

O uso do resíduo do sisal no solo


A cidade de Valente tem uma população entorno de 20 mil habitantes, o município possui vegetação típica do semiárido,características morfológicas da caatinga. A economia da região é movimentada pelo sisal (Agave sisalana), de onde é extraído vários produtos, desde cordoaria a tapeçaria, além do forte artesanato.
A APAEB, Associação dos Pequenos Agricultores da Bahia, instalada no município, tem como objetivo promover o desenvolvimento social e econômico sustentável da população sisaleira. A associação mantém um corpo de técnicos que promovem assistência técnica aos associados, orientando principalmente na cultura e manejo eficiente do sisal.

Fábrica de carpetes e tapetes com fibra de  sisal. Valente, Dez./2012
Antes da orientação dos técnicos, muitos produtores utilizavam os piores solos da propriedade para o cultivo do sisal, desmotivados pela baixa valorização do produto, tendo assim pouca produtividade nessas áreas plantadas. As queimadas são combatidas, no sentido de não promovê-las, e para recuperar parte da cobertura vegetal perdida pelo desmatamento, a APAEB mantém um viveiro que distribui mudas aos produtores, incentivando no reflorestamento e consequente preservação dos solos da região.
Secagem da fibra do sisal. Valente, Dez./2012
Durante o processamento da fibra do sisal, após ser desfibrado é gerado um resíduo, a mucilagem, que além de ser aproveitado na alimentação animal, vem sendo empregado na cobertura de solo em roças de milho e feijão e do próprio sisal, sendo relatado que após sua adição a produtividade aumentou.
O semiárido baiano é caracterizado muitas vezes como uma região pobre, sendo o clima o principal fator responsável, não citando políticas públicas insuficientes. O município de Valente, em pleno sertão, mostra como uma organização comunitária foi capaz de efetivar a convivência e permanência de pequenos agricultores no semiárido.