Alguns dicionários trazem o
significado de agricultura, palavra de origem latina, como sendo a arte de
cultivar os campos. Essa arte, a atividade agrícola, parece ter surgido há
aproximadamente 10 mil anos, na Europa, e se difundiu pelos outros continentes
nos milênios seguintes. Nesse sentido, “a atividade agrícola forneceu aos
indivíduos uma fonte estável de alimento, contribuindo para que eles se
fixassem nas áreas mais férteis” MOTA (2005, p. 29). Iniciando assim, a domesticação
de animais, o pastoreio, e, sobretudo a formação de grandes civilizações, como
o império egípcio e a mesopotâmia.
As transformações no setor agrícola
que começaram no Crescente Fértil, região que vai desde o Vale do Rio Nilo à
Mesopotâmia, compreendeu a chamada Revolução Agrícola. Segundo MAZOYER et al (2010,
p. 52) “desde então a agricultura humana conquistou o mundo; tornou-se o
principal fator de transformação da ecosfera, e seus ganhos de produção e de
produtividade, respectivamente, condicionaram o aumento do número de homens e o
desenvolvimento de categorias sociais que não produziam elas próprias sua
alimentação.” O que levanta uma questão bem atual, a
produção de alimento para uma população mundial superior aos 7 bilhões de
habitantes, o que entraria em colapso caso acontecesse uma crise no setor
agrícola.
A região da Mesopotâmia, correspondente
aos territórios atuais do Iraque e da Síria, possui um problema para a
agricultura, que é a irregularidade das chuvas. Daí, os mesopotâmicos visando
superar esse problema e aproveitar melhor as terras férteis, idealizaram
métodos de irrigar os campos, isso graças aos dois rios que cortam a região: o
Tigre e o Eufrates, o que possibilitou aumentar a área e a produtividade de
seus campos. O que hoje também é utilizado em grande escala, a irrigação
artificial possibilita, por exemplo, o cultivo de uvas no Vale do Rio São
Francisco, em pleno semiárido baiano e até a produção de maçãs, nas
proximidades da Serra do Sincorá, na Chapada Diamantina. Mas vale salientar que
alguns métodos de irrigação não são ecologicamente eficientes, pois facultam um
alto desperdício de água, sendo o por gotejamento, um dos mais eficazes.
Um fator que possibilitou a expansão
das técnicas vinculadas à agricultura, como a difusão de espécies de plantas já
nos últimos séculos, de acordo com TANDJIAN (2005, p. 356) “os deslocamentos
populacionais e a inter-relação entre os agrupamentos humanos, por sua vez,
explicam por que um pequeno número de plantas espalhou-se pelo restante do
planeta. Algumas dessas plantas passaram a desempenhar importante papel na própria
cultura de algumas civilizações.” É o caso da cana-de-açúcar, originária da
Ásia e que após as grandes navegações, no século XVI, se difundiu para o resto
do mundo. Esse produto, em especial no Brasil, desde a época colonial,
desempenha expressividade no setor agrícola, seja para a produção de açúcar à
produção de biodiesel.
Hoje, a agricultura influencia
diretamente no desenvolvimento de muitos países e possui grande importância
para a economia mundial. Entretanto, para atingir essa característica, a natureza foi
severamente degradada, rios foram assoreados, florestas foram devastadas, pelo
machado ou fogo, tendo sua vegetação nativa destruída para implantar
monoculturas, e posteriormente o uso de pesticidas e insumos químicos,
contaminando o solo, a água e a flora da região. Daí é necessário rever esses
métodos de produção para a agricultura, buscando não comprometer os recursos naturais.
LITERATURA CITADA:
MAZOYER, Marcel; ROUDART, Laurence. História
das agriculturas no mundo: do neolítico à crise contemporânea. NEAD, Brasília, 2010.
MOTA, Myriam Becho. História: das
cavernas ao terceiro milênio. Editora Moderna, São Paulo, 2005.
TAMSJIAN, James Onnig. Geografia Geral e do Brasil: estudo para compreensão do espaço. FTD, São Paulo, 2005.
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